O crédito imobiliário acessível a todos
Os últimos meses foram promissores para o crédito imobiliário baseado nos recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No primeiro bimestre de 2019, quase R$ 10 bilhões foram aplicados no financiamento de 40 mil imóveis, 35% mais do que em igual período do ano passado.
Nos últimos 12 meses, R$ 60 bilhões foram financiados propiciando a compra de 239 mil unidades. Mantido o caminho seguro da recuperação do crédito e da economia brasileira, a tendência deste ano é de alta dos montantes financiados e do número de moradias. O financiamento é indispensável para a maioria absoluta de famílias que quer chegar à moradia própria.
O crédito imobiliário conseguiu superar a grande recessão do triênio 2014-2016 graças aos bons fundamentos institucionais em que se ampara. A inadimplência é baixa, o que permitiu manter os financiamentos às pessoas físicas com taxas reduzidas de juros. Cresceu em ritmo quase constante do início ao final de 2018 o montante financiado e o número de unidades comercializadas com recursos das cadernetas de poupança. A demanda segue firme, pois as vendas de imóveis são crescentes, em especial, em grandes metrópoles, como São Paulo.
Surgem agora novos desafios, o principal dos quais é ampliar significativamente o crédito destinado à produção de imóveis, para atender a incorporadoras e construtoras de todos os portes, em todo o País.
Há uma base sólida para isso, pois existem recursos disponíveis e condições econômicas favoráveis, como inflação e juros sob controle. É dominante a expectativa dos agentes econômicos de que a taxa básica continuará em 6,5% ao ano, menor nível da história, e de que os índices de preços continuarão próximos do centro das metas de inflação. Além das cadernetas de poupança e do retorno dos financiamentos, os bancos dispõem de outras fontes, a começar das Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), com grande flexibilidade e custos módicos.
E agora, um novo instrumento poderá acelerar o acesso da construção civil ao crédito. Trata-se de uma Central de Recebíveis Imobiliários proposta pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) e que dará enorme segurança ao sistema de financiamento.
O momento é oportuno, pois a recuperação do mercado imobiliário já é um fato. Em reportagem recente, a Agência Estado mostrou como construtoras que atuam nas faixas de renda média e média alta recuperam lucros e veem subir as cotações dos seus títulos. Que esta seja a primeira de várias boas notícias para nosso setor.
(*) Gilberto Duarte de Abreu Filho é presidente da Abecip, entidade parceira da Universidade Secovi na oferta do curso Financiamento Plano Empresário. É engenheiro de Produção pela USP e possui MBA pelo MIT.