Construção civil aciona o fator de multiplicação da economia
O seminário Tendências do Mercado Imobiliário reuniu, na terça-feira, 5/7, na sede do Secovi-SP, agentes de diversos segmentos para discutir com empresários do setor como entender e atender a nova classe média.
“Ao estruturar o evento, fizemos questão de trazer instituto de pesquisa, bureau de informações e agente financeiro que conheça essa classe, para mostrar quais são as suas demandas”, explicou Celso Petrucci, economista-chefe e diretor da vice-presidência de Incorporação e Terrenos Urbanos do Sindicato, área responsável pela organização do seminário.
A Caixa Econômica Federal, convidada para falar sobre o relacionamento com essa faixa da população, foi representada pelo consultor da vice-presidência de Habitação e Governo da instituição, Fernando Magesty. “Não existe um brasileiro que não tenha se beneficiado por algo que a Caixa já fez, direta ou indiretamente. Agora, muitos também têm acesso à casa própria”, ressaltou.
Magesty contou que, após o lançamento do Minha Casa, Minha Vida, havia um temor de que a Caixa não conseguiria dar conta do programa. De fato, o banco teve de mudar procedimentos, especialmente em função da crise de 2008, e, por meio do crédito imobiliário, praticamente promoveu uma revolução anticíclica no País.
Nesse processo, foi estimulado o fator de multiplicação econômica da construção civil, que se reverteu também em impostos: o setor se desenvolve, cria empregos, aciona a economia e, na outra ponta, gera impostos. “Quem ousará acabar com um programa desses?”, questionou.
A população mundial cresce “um Brasil” a cada dez anos, e “um EUA” a cada seis anos. Para o consultor, algo vai ter de acontecer, pois estão crescendo também as necessidades desse público, o que pode gerar assimetria em relação aos bens de consumo.
Para atender a nova classe social brasileira, o governo, incluindo a Caixa, desenvolve programas de distribuição de renda e oferece apoio com recursos direcionados.
“Importante ressaltar o papel da poupança na economia. Qualquer oscilação negativa provoca aumento nos depósitos da poupança e, consequentemente, a elevação da exigibilidade e a ampliação das contratações”, explicou, informando que as classes A e B são clientes do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) e enquanto a classe C contrata pelo FGTS.
Com relação ao Fundo de Garantia, a partir de 2004, a classe E se destacou em seus níveis históricos e teve diversos programas direcionados às famílias deste público, que começou a migrar para a classe C. O crescimento da demanda é maior do que oferta, segundo Magesty, mas não se pode dizer que o aumento das contratações entre 2001 e 2011 se justifica exclusivamente por conta da mobilidade de ascensão social.
Ele comentou que a participação do crédito imobiliário no PIB (Produto Interno Bruto) tem forte influência nas contratações – uma vez que há demanda reprimida. “A relação crédito imobiliário versus PIB é muito baixa no País. Para chegar aos níveis do Chile, é preciso crescer 45% a mais nos próximos cinco anos, o que é praticamente impossível”, estimou, advertindo, porém, que ainda leva um tempo para se chegar a um patamar razoável em um país como o Brasil – para o qual todas as atenções de investidores estão voltadas neste momento.