Arquiteto apresenta as opções do novo urbanismo no Secovi-SP
O Comitê de Desenvolvimento Urbano Sustentável (formado por Secovi-SP, Aelo e SindusCon-SP) recebeu na quarta-feira, 29/6, o arquiteto americano Kheit Oropeza, durante reunião na sede do Sindicato.
Para empresários e profissionais da área de loteamentos, o convidado apresentou a palestra “Desenvolvimento Urbano: Novas Tendências Urbanísticas e Arquitetônicas”, na qual falou sobre o conceito de crescimento inteligente, contemplando o que chamou de “expansão dentro, e não fora”. A opção, segundo ele, permite melhorar a infraestrutura, ampliar o sistema de transportes e aumentar a base de impostos para os municípios, dentre outros benefícios.
Em sua abordagem sobre o crescimento inteligente, Oropeza considerou 10 princípios de desenhos de projetos modernos, começando por edifícios compactos – o que não quer dizer menores, mas com áreas mais verdes e melhor aproveitadas, representando um ativo para os empreendimentos.
O segundo principio prevê diferentes tipos de habitações, e o terceiro, bairros nos quais seja possível caminhar. “Ou seja, empreendimentos de uso misto, que sejam agradáveis.”
O arquiteto defende a colaboração do empreendedor com a comunidade do entorno, para que esta participe do andamento do processo e crie uma visão positiva do empreendimento. Além disso, é fundamental encorajar e incentivar atrativos, proporcionando um sentido de local e mantendo no projeto a visão da comunidade como um todo. Decisões justas e previsíveis são indispensáveis e devem contar com a participação de todos.
O sétimo princípio, de acordo com Oropeza, inclui empreendimentos de usos múltiplos, um produto que permite à pessoa morar em uma casa, contar com espaço para caminhar, ter acesso a serviços, lojas e supermercados, dentre outros. “Uma comunidade muito agradável.”
Ele destacou ainda a importância da preservação de espaços naturais, principalmente em áreas críticas, considerando que “o valor da propriedade aumenta com o ativo ambiental”.
Oferecer opções variadas de transporte, com alternativas para a mobilidade urbana, é o nono princípio citado pelo arquiteto. Encerrando a lista, está a necessidade de fortalecer e direcionar o desenvolvimento rumo às comunidades já existentes.
Tendências e exemplos
O novo urbanismo traz opções como o retrofit, que tem de conciliar todos os usos, porém de maneira separada. “Nesses locais, as pessoas não utilizam carros e querem ir para um lugar agradável. Há diversos benefícios, com componentes cívicos inclusive”, disse Oropeza, lembrando que esse tipo de empreendimento permite espaços mais permeáveis e ampliação de áreas verdes. Isto, além de ampliar a viabilidade e a eficiência do trânsito, a conectividade local e fornecer serviços mais adequados.
Ele trouxe dois exemplos de projetos bem-sucedidos. Um deles é Sodo, em Orlando (Flórida/EUA), que foi requalificado e conta com shopping center, áreas comercial e residencial e espaços para as pessoas andarem tranquilamente. Ali, nenhum empreendimento vertical é permitido se não tiver estacionamento.
Outro caso apresentado foi o de Baldwin Park, também em Orlando, um antigo centro de treinamento municipal transformado em agradável espaço para moradia, trabalho e lazer. Apartamentos e casas distribuem-se em torno de um centro aprazível, com paisagens atraentes e áreas verdes. “Depois da intervenção, as lojas aumentaram de 5% a 10% as vendas”, conta o arquiteto.
O vice-presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, lembrou que o modelo de desenvolvimento urbano nos Estados Unidos foi diferente e rumou em massa para os subúrbios. Disse que o grupo se dedica ao adensamento, e que existem cidades nas quais o modelo de espalhamento demográfico permite essa prática. “Qual o seu conselho para implantar este modelo de ocupação urbana mais espalhada?”, questionou.
O palestrante informou que, nas décadas de 1950 e 1960, a população foi para o subúrbio, atraída pela ideia romântica de comprar lotes fora das cidades. “O novo urbanismo é sempre uma reinvenção do antigo. O sonho americano era ter o melhor para as próximas gerações e, para isso, comprometemos a qualidade de vida nas cidades. Temos de voltar para trás. Lá, todos querem ter uma propriedade.”
“São Paulo é tão grande e não entendo como vocês fazem o zoneamento”, confidenciou, acrescentando que o ideal é permanecer nos limites da cidade. “A Flórida é cheia de condomínios, que retiraram todas as áreas naturais. Moro a uma milha do escritório e eu vou de carro. Não temos um bom sistema de transporte. Estamos tentando mudar.”