
Classe média impulsiona o crescimento das vendas de imóveis
* Celso Petrucci
O ano de 2010 iniciou com expectativas extremamente positivas para o mercado imobiliário, e que no decorrer dos meses se confirmaram. Somente o PIB (Produto Interno Bruto) será o maior da década (2001 a 2010), com crescimento estimado de 7,5% a 8%.
O mercado de trabalho também refletiu esse bom momento, e fechou o ano com taxa de 5,3% de desemprego, correspondente ao mês de dezembro – a menor desde 2002, quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) alterou a metodologia deste cálculo. Foram criados, em 2010, 2,5 milhões de empregos formais, dos quais 28% correspondentes à construção civil – aí inserido o setor imobiliário.
Comparativamente aos países integrantes da União Europeia, que enfrentam crescente endividamento e forte deficit público, o Brasil se destacou principalmente por seu elevado crescimento do PIB e baixo nível de desemprego.
Este e outros fatores fizeram com que o País continuasse na rota de investimentos externos em 2010. Embora as expectativas da entrada de novos investidores para 2011 se mantenham positivas, não se espera o mesmo desempenho do ano passado.
De fato, 2010 marcou a história econômica do Brasil, e os empresários do setor imobiliário apostam na continuidade dos níveis de crescimento em 2011.
Os principais fatos que marcaram o ano de 2010 no segmento imobiliário foram o crescimento da participação da classe média na compra de imóveis, a política de escoamento de estoque das empresas incorporadoras, a valorização dos preços das unidades habitacionais novas e usadas, e a falta de mão de obra qualificada.
Nos estandes de vendas, há alguns anos que os empresários vêm percebendo mais famílias e compradores da nova classe média em busca do primeiro imóvel e no último ano, o que era simples interesse virou negócio.
Conforme dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), em 2010, 48,6% dos lançamentos residenciais na cidade de São Paulo foram de imóveis de dois dormitórios, voltados para compradores da classe média e para o público do Programa Minha Casa, Minha Vida. Essa tendência é altamente positiva.
Os consumidores de imóveis supereconômicos, que ficaram por muitos anos afastados do mercado imobiliário, em virtude da falta de crédito e de produtos adequados, responderam positivamente a esse bom momento conjuntural do País.
Agora, o setor tem de encontrar formas de suprir a falta de mão de obra nos canteiros, que há muito dispensaram o uso das placas de “Precisa-se…”. Para tanto, as empresas terão de investir em treinamento e implantar novas tecnologias construtivas.
Celso Petrucci é economista-chefe do Secovi-SP, diretor-executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária do Sindicato e membro titular do Conselho Curador do FGTS