Big Data e mídias digitais são meios de potencializar negócios
Oitenta por cento dos dados que existem dentro dos negócios não são estruturados. O potencial que esse arsenal de informações pode agregar às empresas, se devidamente filtrado, não pode ser desprezado. Essa é a opinião de Julio Guedes, head de Analytics da Serasa Experian e um dos palestrantes do painel “Riscos e oportunidades para empresas no mundo digital – Mídias sociais como ferramenta para venda de imóveis”. O evento ocorreu dentro da Convenção Secovi, organizada pelo Sindicato da Habitação.
Guedes dimensionou de que maneira o Big Data, conceito que no mundo da tecnologia da informação significa armazenamento de dados devidamente tratados, pode influenciar no fomento de novos negócios e contribuir para ampliar os horizontes de captação de clientes. De acordo com ele, há técnicas e ferramentas disponíveis no mercado que podem ajudar as companhias a transformar todas as informações que têm em dados de qualidade. “Isso ajuda a entender quem e o que as pessoas estão procurando a fim de potencializar ações de marketing”, afirmou.
Particularmente às imobiliárias, Guedes exemplificou que o Big Data pode subsidia-las com dados para se ter um norte do momento correto de ofertar um imóvel a um potencial comprador. Isso porque, segundo o executivo, a tecnologia permite que as empresas se abasteçam de informações peculiares sobre diversos públicos. “É possível saber se a ocasião adequada para oferecer produtos, como, por exemplo, um imóvel a quem está casando, ou a alguém que teve ascensão social, filhos”, enumerou.
Guedes lembrou que, nesse cenário em que as informações estão quase todas disponíveis, é preponderante respeitar a privacidade das pessoas.
Mídias sociais – A forma como nos comunicamos e nos relacionamos mudou radicalmente. Com a interatividade proporcionada pelas novas mídias, o ser humano teve seu padrão de comportamento igualmente afetado. Se mudamos tanto, por que muitas empresas persistem em velhas formas para tentar atrair público para seus produtos? A provocação foi feita por Martha Gabriel, uma das maiores autoridades no assunto e palestrante no mesmo painel.
Vivemos, hoje, no que a especialista chama de internet das coisas: todos os objetos se interligam com tudo. “Nos Estados Unidos, já é possível abrir a fechadura de uma casa com um iPhone. Isso muda o mercado imobiliário”, disse a conferencista. Adicionou outros recentes fenômenos, todos com potencial para influir no setor, como smartcards e smarthouses – na qual as informações dos moradores são compartilhadas pelos dispositivos da casa (geladeiras, chuveiro, TVs etc) de modo a garantir, por exemplo, uma alimentação equilibrada. “Imagine que sua geladeira identificou que você está acima do peso. Daí, ao abri-la, ela diz o que você pode ou não comer”.
Martha Gabriel sustentou que a equação do mundo se inverteu: frente toda essa reviravolta, as marcas não vão mais atrás dos clientes, os clientes é que as buscam. “As pessoas entram no Foursquare para saber o que está a sua volta e no TripAdvisor para ver em que hotel vão se hospedar”, exemplificou. O mesmo ocorre para buscar outras coisas. Segundo ela, na busca por imóveis no Google, 95% dos usuários procuram diretamente pelo produto (“apartamento na zona sul”, “sobrado na zona oeste”), apenas 1% buscam pela marca líder e meros 4% recorrem ao nome de outras empresas.
Para ser encontrado, ainda de acordo com a especialista, é necessário que relacionar conteúdo bom, adequado ao contexto correto. Conseguir a atenção do cliente já é um grande passo. Feito isso, o desafio é proporcionar-lhe experiência significativa na receptividade e no atendimento. No entanto, nada disso se sustenta se a empresa possui deficiências. “O digital não resolve problema de marketing ruim. Ao contrario, só potencializa”, sentenciou. Mais: “produto ruim não tem seu problema resolvido só com comunicação”.
A palestrante ainda deu dicas de ferramentas digitais que podem ajudar a ampliar a interação com públicos diferentes. “Nos Estados Unidos, muitos corretores de imóveis têm QR Code em seus cartões de visita”, disse. Também fez referência a aplicativos de composição de fotos em 3D – recurso que valoriza a demonstração de imóveis.