Condomínios-clube se espalham pelo Estado e exigem atenção na administração
Para ser considerado clube, um condomínio precisa ter área mínima entre 7 mil e 10 mil metros quadrados, duas ou três torres com cerca de 300 unidades e algo próximo a 25 itens de lazer. Normalmente, seu público é composto de casais jovens, com filhos pequenos ou adolescentes. “Morar em um empreendimento desse perfil é contar com serviços diferenciados e um atraente custo-benefício”, considera Flavio Amary, vice-presidente do Interior do Secovi-SP, para quem um dos maiores apelos do conceito clube é a segurança. “Ali as pessoas se sentem aconchegadas”, acrescenta.
Embora normalmente esses núcleos reúnam moradores de um mesmo segmento social e econômico, não excluem a possibilidade de interação com várias camadas da sociedade. A tendência nasceu no segmento de médio padrão, difundindo-se paulatinamente pelos lançamentos que atendem a outros públicos. “A população pediu, os empresários acataram e viram ali um ótimo filão comercial”, diz Amary.
No entanto, não é fácil administrar um condomínio de conceito clube. Os serviços requerem um vasto desdobramento de ações e, em muitos casos, os moradores não estão habituados a essa dinâmica. “Percebemos que os novos moradores ainda não se acostumaram a cumprir regras básicas. A partir daí, síndicos e administradoras precisam se atualizar para garantir uma convivência harmônica nesses núcleos”, considera Iolanda Rufino dos Santos, diretora de Condomínios do Secovi-SP no Vale do Paraíba.
Além disso, o investimento e a manutenção são tão grandes quanto o número de possibilidades em termos de lazer, conforto e conveniência, chegando a absorver de 20% a 40% do faturamento mensal do condomínio. “A administração condominial precisa se ajustar comportamental e tecnicamente a essa nova demanda”, concorda Leilane Strongren, diretora do setor condominial do Secovi-SP em Bauru.
A presença de um gerente predial no condomínio-clube faz toda a diferença. Será muito bom se ele tiver uma visão de hotelaria, experiência em eventos e contratação de pessoal e serviços, além de talento para estimular a integração dos condôminos. Será entre os seis ou oito primeiros meses de gestão, quando o condomínio já apresenta aproximadamente 70% de ocupação, que o gerente predial terá a oportunidade de mostrar sua competência e trazer resultados que corroborem para a formatação do perfil condomínio-clube. Nessa altura, já é possível dispor de orçamento ajustado e um razoável conhecimento do público interno.
A postura das empresas especializadas em administração, e mesmo dos síndicos, deve ser a de buscar agilidade, tanto no preparo dos profissionais quanto no que tange às novas tecnologias, segundo Alexandre Nadruz, diretor setorial de Condomínios do Sindicato em São José do Rio Preto. “Os síndicos também devem atentar-se à grande responsabilidade que as novas leis impõem, bem como contar com uma administradora que atenda seus objetivos”, complementa.
Apesar de ainda não haver estudos ou estatísticas precisas sobre a quantidade exata desses empreendimentos no Estado de São Paulo, a demanda é contínua: “principalmente nas médias e grandes cidades”, considera Flavio Amary. Em Sorocaba, por exemplo, município em que o dirigente comanda uma unidade regional do Sindicato, a maior parte deles concentra-se na zona Sul, onde a valorização é crescente. Este segmento também se popularizou na Região Metropolitana de Campinas, no Grande ABC e na Baixada Santista.